No dia 3 de setembro, o prof. da Columbia University e diretor Emérito do New York Film Festival, Richard Peña, falou sobre as produções cinematográficas feitas por negros, nos Estados Unidos, no século passado. “Nas margens do cinema americano” foi o tema apresentado aos alunos na cadeira “Cinema e Audiovisual: Desafios”, ministrada pelo prof. Pedro Henrique, do curso Estudos de Mídia. “Americano, independente e cinema são três palavras que brigam entre si”, explica Peña que vem ao Brasil desde 1972, e fala português fluentemente.
A luta dos negros para fazer cinema independente e para serem reconhecidos como diretores e atores vem de longe. Já existiam donos de salas em alguns bairros negros que costumavam investir o lucro nas produções seguintes. Por isso, o orçamento era sempre extremamente baixo. Os primeiros filmes, a partir de 1912, desapareceram. A segregação racial era legalizada nos Estados Unidos, com a doutrina “separados, mas iguais” que se infiltrou em todos os aspectos da sociedade. A escravidão já havia sido abolida, mas ainda havia o banheiro para negros e para os brancos, os bares, restaurantes, escolas, tudo era dividido entre os colored e os white. Hollywood oferecia pequenos papéis aos atores negros, sem enxergar a presença dos técnicos negros atrás das câmeras.
O primeiro grande filme com grande repercussão nacional e que motivou uma reação foi “Nascimento de uma nação” (imagem abaixo), de D.W. Griffith, de 1915. A produção impulsionou a indústria, mas não escondia o teor altamente racista, com direito a negros estereotipados, saqueadores e estupradores, Havia também “salvadores” dos brancos, formados por integrantes da Klu Klux Klan. O curta “The Hampton Epilogue” foi uma resposta direta ao “Nascimento de uma nação” e mostrou o lado positivo dos negros.
Um grande personagem dessa época foi Oscar Michaux, autor, diretor e produtor americano que nasceu em 1884. Ele foi o primeiro negro a ter uma produtora, a Lincoln Motion Picture Company, que realizou 44 filmes, mudos e sonoros (imagem abaixo). Com temáticas que interessavam aos negros, obteve grande sucesso.